quarta-feira, 28 de abril de 2010

Conquista de uma via em Andradas




A pedra do Elefante em Andradas/MG é um dos meus locais preferidos de escalada. Ela proporciona vias longas, de cerca de 200 m (algumas com até 350 m!), de todos os níveis, tanto com proteções fixas quanto com proteções móveis. Existem basicamente três setores: a tromba (onde estão as vias mais longas), a cabeça (quase todas as vias são com proteções fixas) e o corpo (a maioria das vias são em móvel). Maiores informações sobre as vias podem ser encontradas no site do Abrigo do Pântano (http://www.abrigopantano.com/). Aliás o abrigo é um ótimo lugar para ficar quando voce estiver escalando na região de Andradas.

No ano passado, depois de escalar uma via nova na cabeça do elefante, chamada de Cumulus, eu começei a visualizar uma nova linha de escalada, do lado direito dessa via. Um dia eu comentei com o Pedro Zeneti, mais conhecido como Jacaré (dono do Abrigo do Pântano), sobre a minha intenção de conquistar uma via entre a Cumulus e a Era do gelo. Ele gostou da idéia e disse que já tinha pensado naquela linha também.

Foi apenas no final de janeiro que surgiu uma oportunidade de iniciar a conquista. Eu estava em férias e o Daniel (um colega da Unicamp) me disse que teria uma semana livre para escalar. Separei o material de conquista e fomos para Andradas com a intenção de passar 5 dias lá.

O primeiro dia foi bem proveitoso, começamos a conquista de baixo e já passamos o crux da via. Se não fosse o mau tempo no final da tarde teriamos concluido a primeira enfiada. Devido à chuva que caiu durante a noite, no dia seguinte a pedra estava molhada. Para não perder a viagem, escalamos a via Cumulus, mesmo com a primeira enfiada bem molhada, para fixar uma corda e descer para 'avaliar' a continuação da via. Como lá para cima a pedra estava seca, resolvemos bater a primeira parada e continuar a conquista. Porém, mais uma vez a chuva nos obrigou a terminar o trabalho mais cedo. Os dias seguintes foram chuvosos e o trabalho rendeu muito pouco.

Num fim de semana no começo de fevereiro eu voltei para o Efefante, desta vez na compania do Rafael. Subimos novamente pela Cumulus com o objetivo de teminar a segunda enfiada. Mas mais uma vez o tempo não ajudou e batemos apenas 2 proteções. Eu já estava pensando em colocar o nome da via como Era da Chuva, uma alusão à via ao lado.

No Carnaval eu voltei para Andradas disposto a concluir a via. Desta vez eu contava com um martelete emprestado pelo Davi e com a ajuda do Jacaré. No primeiro dia avançamos bastante a conquista, chegando na quarta parada. Num outro dia concluimos a via, chegando na penúltima parada da Nimbus. Resolvemos parar ali mesmo, pois a partir daquele ponto a Nimbus e a Era do Gelo se aproximam bastante uma da outra e ficaria dificil continuar entra as duas. O nosso plano era voltar no dia seguinte para duplicar as paradas e colocar algumas proteções intermediárias. Mas a chuva novamente interferiu nos nossos planos.

Na primeira oportunidade eu voltei para lá e, com a ajuda do Jacaré, terminamos o trabalho. Eu havia escalado todas as enfiadas e já tinha uma boa idéia da via. É uma via fácil, com alguns trechos de V, mas a maior parte fica entre IV e IV+. Só que tem poucas (em geral são 3)proteções entre as paradas, por isso é importante ter um bom 'psicológico' para não adrenar. Em função desse aspecto escolhemos o nome "Estica e Sobe".

Neste último feriado tive a oportunidade de entrar nessa via e conferir a graduação e as proteções. Realmente é uma via muito gostosa para se escalar. Quando parece que vai ficar dificil sempre aparecem algumas agarras. Mas nem sempre as agarras estão na linha reta entre as proteções e as vezes é difícil ver o próximo grampo. Por isso...estica e sobe!!